O dia de ontem acabou com um jantar na Homestay com todos os viajantes que lá estavam alojados. Juntaram-se a 1 mesa: 2 casais norte americanos, um mais novo e o outro com os seus 60 anos cujo principal trabalho passava por escrever artigos pelo mundo fora; um casal do Quebéc, Canadá (a alma da festa), com os seus 40s e muitos anos; uma francesa (Audrey, da qual ouvirão falar mais à frente), 2 miúdas de Singapura com 20 anos mas que aparentavam ter 15; e uma tuga acabadinha de chegar ao Vietname (aqui a yours truly).
Um jantar delicioso (preparado pela própria Perfume) composto por cerca de 5 a 6 pratos típicos diferentes e muita partilha de experiências culturais e de vida.
A conversa continuou num café lá perto acompanhada por um café no mínimo peculiar (1 camada de leite condensado no fundo, seguindo-se uma camada de café, sendo coberto por uma camada de ovo) só terminada porque a Perfume nos veio buscar para nos levarem a correr para a estação de comboios (a mim e à Audrey) onde seguiríamos numa viagem de 8 horas pela noite dentro para Lo Quay de onde depois partiríamos depois numa mini-van para Sapa, a terra dos arrozais.
No comboio partilhámos 1 cabine, com 2 beliches, com um casal vietnamita.
Escusado será dizer que não foi propriamente a melhor noite de sono da minha vida. Entre o chocalhar do comboio, o barulho desnorteante dos carris e o colchão que se assemelhava a um pedaço de chão duro, não consegui pregar olho durante grande parte da noite.
Chegámos a Lo Quay às 6h30 da manhã.
É bom ter noção que aqui, os transportes demoram eternidades a chegar seja onde for. Fazer 300kms de comboio levou-nos 8 horas, 15kms de mota até às cascatas leva-nos 40 minutos...
O dia de hoje foi passado num trekking de 12kms pelos campos de arroz e por aldeias habitadas por minorias étnicas. As mulheres da tribo Hmong estão por todo o lado a tentar vender o seu artesanato no centro de Sapa e facilmente nos seguem o caminho todo pela montanha e campos de arroz até lhes comprarmos alguma coisa. Não são chatas tentando impingir coisas, mas simplesmente fazem autênticas sessões de stalking, durante as quais metem conversa connosco e nos oferecem prendas feitas por elas. Ao final de 7kms lá apresentaram o que tinham para vender e conseguiram despachar algumas pulseiras e brincos. A seguir desapareceram.
Vi crianças que nem 1 ano tinham já de enxada na mão, populações do mais humilde e pobre que há, a vida dura que estas pessoas vivem e que me fez pesar melhor as minhas próprias prioridades.
Para quem alguma vez tiver dúvidas quanto a visitar Sapa aquando no Vietname: por favor confiem em mim quando digo que vale a pena. Paisagens de tirar o fôlego, a oportunidade de ver os locais genuinamente no seu dia a dia a tratar da família, da casa ou do campo, e o contacto com uma realidade tão, mas tão diferente da nossa, fazem com que Sapa fique guardada num cantinho especial cá dentro.
Para além do facto de ter tido a oportunidade de passar por esta experiência com uma excelente guia e uma nova amiga, a Audrey, que se revelou uma companhia espectacular.
Amanhã espera-me mais um trekking de 12 kms, a seguir ao qual a Audrey fica mais um dia em Sapa e eu desço para Hanoi para seguir logo para Halong Bay.
Agora é hora de ir jantar, tomar um copo e preparar-me para mais 12kms a pé e 8 horas de comboio marcados para amanhã.
Até já! :)